Alerta na Mata Atlântica: Aumento do Ecoturismo Eleva Riscos de Acidentes com Animais Peçonhentos no Rio
Estado registra mais de mil ocorrências até abril e Secretaria de Saúde reforça orientações sobre prevenção e o que fazer em caso de picada, especialmente em áreas de natureza.
Por Monica Puga
Publicado em 29/04/2025 18:56
Meio Ambiente

Com o aumento do ecoturismo e o avanço dos seres humanos em áreas da Mata Atlântica, crescem também os riscos de acidentes com animais peçonhentos. Até a primeira semana de abril, foram registrados 1.074 acidentes com animais peçonhentos no estado do Rio de Janeiro. Por isso, a Secretaria de Saúde recomenda redobrar os cuidados.

O número de acidentes está aumentando?

Não. Em 2024, foram registrados 3.678 acidentes. Já em 2023, o número era semelhante, 3.636 ocorrências.

O que fazer caso encontre um animal peçonhento?

O mais adequado é se afastar. Se uma serpente, por exemplo, tiver aparecido dentro ou próximo da residência, contate a autoridade competente para que seja providenciada a remoção para um local em que não ofereça risco para a população. ​

O que deve ser feito após uma picada?

Procurar atendimento médico o mais rápido possível. É importante relatar ao profissional de saúde o máximo de informações possíveis sobre o local, sintomas e o animal envolvido no acidente. Se puder, lave o local da picada com água e sabão. Dê água para a vítima beber e procure manter o membro atingido em uma posição elevada em relação ao corpo.

Todos os animais peçonhentos injetam veneno?

Todos os animais peçonhentos têm a capacidade de injetar veneno, no entanto, em casos raros, não o fazem, mas é importante evitar o contato com qualquer animal desconhecido. A maioria dos acidentes acontece por descuido ou falta de atenção ao ambiente.

Ao ser picado, devo amarrar o local ou usar um torniquete?

Não, em nenhum acidente por animal peçonhento se deve usar torniquete. No Brasil, a maior parte dos acidentes é causada por jararacas. Ao se amarrar ou usar torniquete, além de dificultar a circulação do sangue, o veneno ficará concentrado naquele local, acentuando o efeito necrosante, aumentando a chance de amputação ou outras sequelas.

Existe algo que não deve ser feito nesses casos?

Não se deve:

Amarrar o membro afetado

Tentar sugar o veneno

Aplicar substâncias como álcool, pó de café ou qualquer outro produto caseiro

Como prevenir esses acidentes?

Use sapatos fechados

Observe bem por onde pisa

Se estiver hospedado em áreas naturais, bata os sapatos antes de colocá-los pela manhã — podem abrigar aranhas, escorpiões ou serpentes.

As unidades de saúde estão preparadas para atender esse tipo de ocorrência?

Sim. As UPAs e hospitais estaduais funcionam 24 horas por dia e estão preparados para esse tipo de atendimento.

Quais são as aranhas mais perigosas e como reconhecê-las?

 Aranha-marrom: cor uniforme, tamanho médio, comum em sótãos, armários e banheiros.

Viúva-negra: preta brilhante com uma mancha vermelha no abdômen; encontrada em locais úmidos e escuros.

Aranha-armadeira: coloração cinza a castanha, patas com faixas pretas; vive em troncos e folhas de bananeiras e bromélias.

Como reconhecer escorpiões perigosos?

Todos são perigosos. Evite-os.

Existem animais perigosos no mar ou em cachoeiras?

Sim. Os mais comuns são:

Ouriços-do-mar: causam a maioria dos acidentes marinhos

Águas-vivas e caravelas: e exigem cuidado especial, principalmente em locais com rochas

Há riscos em águas doces também?

Sim. Sempre que puder, nade em águas cristalinas para facilitar a visualização. Os principais riscos incluem:

Arraias

Candirus

Piranhas

Poraquês

Posso comprar e armazenar o soro antiveneno na minha empresa ou fazenda?

Não. Os soros antiofídicos, que são utilizados de forma gratuita no âmbito do SUS, precisam ficar armazenados e conservados em temperatura de 2 a 8°C e são administrados apenas em ambiente hospitalar, após a avaliação de um médico. Soros antiofídicos de uso veterinário são encontrados em lojas do gênero, mas estes não são recomendados para uso humano.

Há soros antivenenos em hospitais particulares?

O tratamento dos casos de acidentes ofídicos é feito apenas na rede dos hospitais do SUS e é inteiramente gratuito.  No entanto, apesar de não ser recomendado, o atendimento inicial pode ser feito na rede privada. Nesse caso, se necessário o paciente pode ser transferido para o polo mais próximo ou o soro ser disponibilizado para o tratamento na rede privada.

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